Título original: An
Título em inglês: Sweet Bean
Países: Japão, França, Alemanha
Duração: 1 h e 53 min
Gênero: Darama
Elenco principal: Kirin Kiki, Masatoshi Nagase, Kyara Uchida
Diretora: Naomi Kawasi
IMDB: https://www.imdb.com/title/tt4298958/
Sinopse: Um padeiro dorayaki contrata uma mulher gentil e envelhecida, depois de provar sua deliciosa surpresa. Pouco a pouco, ela desvenda seu belo mundo interior.
Sugiro muito esse drama dirigido e roteirizado pela ótima Naomi Kawase (“O Segredo das Águas” ( 2014)) com a excelente atriz falecida em 2018 Kirin Kiki (“Assunto de Família” (2018)) e Masatoshi Nagase (“Paterson” (2016)). O filme ganhou alguns prêmios internacionais para a direção e atores tendo participado do Festival de Cannes e Chicago. Rodado em Tóquio.
O filme conta a história de Sentaro (Masatoshi) que trabalha para pagar dívidas fazendo “dorayakis” (pequenos bolos recheados com pasta doce de feijão). Uma senhora idosa, Tokue (Kirin), oferece-se para ajudar na cozinha, mas Sentaro reluta em aceitar, o que muda após provar a pasta realizada por ela. O filme ainda nos apresenta uma estudante, Wakana (Kyara Uchida) que passa bastante tempo no estabelecimento convivendo com Sentaro.
O roteiro foi adaptado do best seller “Sweet Bean Paste” de Durian Sukegawa. O filme tem uma produção de design modesta e fotografia com planos fechados que favorece o naturalismo e intimismo que promove um contato do telespectador mais próximo e verdadeiro com o outro enquanto somos mergulhados em suas vidas. As atuações são o ponto forte do filme.
Este filme está lançando um olhar que compartilha conosco vários aspectos importantes. Eu destacaria a importância de olharmos de forma aprofundada a essência em oposição à aparência. Nossos personagens tem particularidades em suas vidas que os diferenciam mas também trazem unidade entre eles, e, neste caso, há uma história em comum: a do abandono imposto pela vida, acompanhado pelo preconceito por suas diferenças: o padeiro ex-presidiário, a idosa com lepra e a adolescente deixada de lado. A interação entre eles produzirá transformações uns nos outros. Portanto, este é um filme sobre recomeço, de acreditar no amanhã e no diálogo introspectivo, de um olhar para dentro, de si e do outro.
O tempo e o silêncio tem relevância significativa neste processo de crescimento que tem seu próprio ritmo para ser absorvido, da mesma forma que o preparo da pasta de feijão requer todo uma interação e ritualística quase espiritual em uma linda cena que encerra toda uma sublime delicadeza e riqueza de detalhes. Estamos vivendo tempos de uma, se me permitem a expressão, “surdez do paladar da vida real”, desconectada de nossas essências e da natureza. Esquecemos que “todas as pessoas tem histórias que merecem ser ouvidas” como nos diz a personagem Tokue. A vida tem se esvaído, a vida de muitos tem ficado a margem, invisível… (observem que Sentaro não gosta de doces). A vida está em outro lugar (diria Milan Kundera) e com a transformação, o prazer pela vida volta. Que filme lindo!!
O trailer com legendas em inglês segue abaixo.
Jonas André
TRAILER
Cineminha Zumbacana 