In flames (2023)

Título Original: شعلوں میں

País(es): Paquistão, Canadá

Duração: 1 h e 38 min

Gênero(s): Terror

Elenco principal: Ramesha Nawal Jibran Khan, Bakhtawar Mazhar

Diretor(a): Zarrar Kahn

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt27470830/

Sinopse: Após a morte do patriarca da família, a existência precária de mãe e filha é destruída. Elas devem encontrar forças uma na outra se quiserem sobreviver às forças malévolas que ameaçam engoli-las.

QUANDO O PATRIARCADO VIRA UM TERROR PARA A PRÓPRIA FAMÍLIA.

Muitos sistemas familiares ainda perduram em muitas culturas por milênios sem sequer serem cogitados reavaliações ou entendimentos. O diretor Zarrar Khan, estreante em longas metragens, utiliza-se de uma linguagem no mínimo interessante para nos confrontar com essa realidade que pode ser assustadora.

Para fãs do gênero terror, não se deve esperar muito por aquelas situações óbvias que permeiam muitos filmes com o mesmo tema. Se for essa a ideia do que se quer ver, haverá uma grande frustração, já que o terror desenvolvido por Zarrar Khan não quer mostrar sustos envoltos por maldições ou espíritos malignos, mas sim nos levar até o assustador mundo do patriarcado.

As vítimas escolhidas para essa narrativa são Mariam e Fariha, filha e mãe que sempre se vêem envolvidas e desamparadas pelos possíveis espíritos, porque não dizer maldição, dos feudais patriarcados, seja através da figura do pai, marido, avô e por aí vai.

Numa coisa óbvia da vida, afinal, quanto mais idade temos, mais experiência e força adquirimos, a vítima maior da maldição recai sobre a filha, que, por tabela, respinga na mãe que precisa arrumar forças pra lidar com a situação que envolve a família toda. Afinal, não estamos falando só das duas, mas de todo legado da família após o patriarcado na figura do homem não existir mais.

O mundo recai nas costas de mãe e filha, que além de lidar com todos os medos do além (ou seria do patriarcado em forma de maldição), tem que dar solução à todos os infortúnios que de forma enganosa ou legal vão de encontro às duas desamparadas.

Nas culturas milenares, os homens são incumbidos de cuidar da família e dar o seu sustento, porém, sem nunca haver regras para ensinar todos à confrontarem desafios. Eis que mantendo a visão nessa filosofia aparece o Tio Nasir, que se baseando nos ensinamentos e doutrinas antigas quer tomar a frente e cuidar dos interesses da família, principalmente o bem estar de mãe, filhos e tudo o que a família construiu. Principalmente em relação a bens e posses materiais, que exigem um grande auxílio de alguém que possa dar esse suporte.

Quando as desamparadas vítimas (do patriarcado) em muitas situações são confrontadas com tomadas de decisões, agindo ou decidindo de forma tola ou ingênua, faz-nos questionar: “Por que está fazendo algo tão imbecil?”. Isso na verdade não seria somente a ideia de mostrar o quanto elas estariam suscetíveis à situações de fraqueza mediante determinada situação. Mas também a nos espelharmos nessas decisões de forma tola e pensarmos o que faríamos ou decidiríamos em situações de fraqueza e vulnerabilidade, independentemente do gênero.

Boa sacada do diretor Zarrar Kahn ao abordar o assunto do patriarcado exacerbado na forma de um terror e não na forma de um drama. Porque drama sobre isso, já vimos muito. Porém, infelizmente, dependendo da situação, isso vira realmente um terror mesmo.

Obs.: Indicado pelo Paquistão ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2024.

O trailer com legendas em inglês segue abaixo.

Adaílson Tavares

TRAILER