A profecia (1976)

Título original: The omen

Países: Reino Unido, Estados Unidos

Duração: 1 h e 51 min

Gêneros: Horror, mistério

Elenco principal: Gregory Peck, Lee Remick, Harvy Stephens

Diretor: Richard Donner

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt0075005/


Citações:

  • “Deus, ela queria tanto um bebê.”
  • “É só uma igreja, só isso.”
  • “O que pode haver de errado com nosso filho? Nós somos gente bonita.”
  • “Você me verá no inferno, Sr. Thorn.”
  • “Ele parecia normal, exceto por algo na parte interna da coxa direita.”
  • “No nascimento e na morte, as gerações se unem.”
  • “Se não for visível no corpo, estará sob o cabelo.”
  • “…e seu número é 666.”

Sinopse: O embaixador americano e a esposa querem muito ter filhos. Quando ela dá à luz um bebê morto e um padre sugere que adotem um recém-nascido saudável e órfão, ele aceita sem contar à mulher. O que ele não sabe é que o bebê é o anticristo.


RELIGIOSAMENTE MACABRO.


Os 10 anos que se sucederam após 1968 sem dúvida alguma podem ser considerados marcos para a história de um gênero cinematográfico que arrebanha fãs de todas as gerações: o terror/horror. Temos pelo menos três obras-primas desse tipo de cinema produzidos nesse interim: “O bebê de Rosemary” (1968), “O exorcista” (1973) e “A profecia” (1976), que é o filme em destaque neste post. Capitaneado e chancelado por um dos maiores atores de Hollywood, Gregory Peck, e guiado por uma narrativa repleta de elementos representativos, cenas icônicas e uma narrativa que utiliza a religião como fio condutor, “A profecia” proporciona uma aura amedrontadora (notem que é diferente de assustadora, pois ela provê medo e não sustos) ao se deixar levar pelo sobrenatural e utilizar uma face angelical como a representação do mal.

Após poucos minutos de exibição, o filme já ganha o espectador com uma cena bastante instigante durante o aniversário de 5 anos de Damien, que começa a cacifar o protagonista mirim como o suposto anticristo. O interessante é que o filme promove uma sequência de cenas (e todas elas são excelentes) com o mesmo propósito, para intensificar a conjuntura ameaçadora, principalmente sobre os outros protagonistas da trama, o embaixador Robert Thorn e sua esposa Katherine, extremamente bem representados por Gregory Peck e Lee Remick. Robert representa a dúvida, o ceticismo na obra. Com isso, o filme aos poucos vai jogando provas a serem recolhidas pelo personagem para que sua percepção seja clarificada, até que a prova cabal seja desvelada nos momentos finais em uma cena absolutamente memorável que faz a alusão a uma das mais famosas simbologias bíblicas para o mal. Realmente, no sentido de prover uma crescente tensão e revelações paulatinas e cada vez mais surpreendentes temos um roteiro muito bem amarrado e fluido que atinge plenamente seus objetivos.

Deve-se destacar alguns outros personagens atém dos 3 protagonistas. Que personagem bem interpretada é a Sra. Baylock, a nova babá de Damien que aparece repentinamente na mansão da família. Ela possui feições malignas hipnotizantes, condutas misteriosas e coaduna perfeitamente com o propósito de sua personagem, sendo a fiel escudeira do mal. Trata-se de uma coadjuvante de luxo sobre a qual não poderia deixar de comentar dado o impacto que ela causa na obra. O fotógrafo Jennings e o Padre Brennan também possuem papeis importantíssimos para o desenrolar do enredo e colaboram com a ciência de Robert em relação a tudo o que está acontecendo com sua família, levando-o a perceber que a privação de dor infligida à sua esposa ao não saber da morte do filho biológico, gerou sérias consequências que devem ser combatidas por ele (o causador).

Quanto às cenas icônicas que salientei logo no início, elas são realmente de tirar o chapéu. São aquelas cenas que ficam gravadas na memória e quiçá nem saiam dela. Pode-se citar: o suicídio, o ataque dos babuínos, o empalamento do padre, a grande descoberta no cemitério italiano, o ataque dos rottweilers, a decapitação, Damien andando de velocípede nos corredores (tenho certeza de que Kubrick foi influenciado por essa cena ao produzir “O iluminado” (1980)), a confirmação da identidade de Damien, etc. Não se pode também deixar de ressaltar que o impacto de todas essas cenas é enormemente ressaltado pela trilha sonora que também é icônica, incluindo elementos religiosos como corais em suas melodias, e, inclusive, ganhou o Oscar (incomum para um filme de terror). É realmente tudo muito marcante e bem-realizado na medida do possível dado o baixo orçamento do filme.

Além dos aspectos cinematográficos, há também uma série de curiosidades macabras sobre a produção que não vou discorrer sobre elas pois foge do escopo deste texto, mas, para quem quiser conhecê-las, clique aqui.

Ao fim, “A profecia” mostra como não é necessário orçamentos astronômicos para fazer um filme de qualidade. A própria continuação dele, “Damien: A profecia II” (1978), teve um orçamento muitíssimo maior mas, como se diz no linguajar moderno, flopou de forma retumbante. O que resta é a certeza de que “A profecia” é realmente um marcador de época e um filme obrigatório para os amantes do gênero, pois é um dos melhores e mais representativos.

O trailer narrado em inglês segue abaixo.

Adriano Zumba


TRAILER

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