Minha bela dama (1964)

Título original: My fair lady

País: Estados Unidos

Duração: 2 h e 50 min

Gêneros: Drama, família, musical, romance

Diretor: George Cukor

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0058385/


O que dizer de um filme que ganhou 8 Oscars? É um filme realmente com grandes qualidades, principalmente técnicas, entretanto, tenho algumas ressalvas, sobre as quais discorrerei mais abaixo. É bom lembrar, também, que ele concorreu com “Dr. Fantástico” de Stanley Kubrick, considerado um dos grandes filmes da história do cinema. De qualquer forma, só por contar com Audrey Hepburn em seu elenco, o placar do jogo já começa 1×0, pois Audrey é simplesmente Audrey.

O filme conta a história de Eliza Doolittle, uma moça pobre – praticamente uma mendiga –  que obtém sua subsistência vendendo flores nas ruas de Londres. Um dia, ao se meter em uma confusão, ela conhece o Professor Higgins, um especialista em fonética que consegue identificar características das pessoas através de suas linguagens e seus sotaques. Ele, então, faz uma aposta com seu amigo, o Coronel Hugh, para transformar a desprovida Eliza em uma dama da alta sociedade, no prazo máximo de 6 meses. Nota-se que ele terá um grande desafio pela frente.

O roteiro é linear, bastante simples e com um quê de previsibilidade muito alto, porém, tudo funciona perfeitamente e consegue prender a atenção do espectador durante boa parte das quase 3 horas de filme, mesmo contendo passagens até certo ponto descartáveis, que fazem com que a narrativa perca um pouco de seu ritmo. Na verdade, a principal virtude da obra, além de Audrey, é claro, é a harmonia entre os diversos aspectos técnicos que compõem um filme. Por se tratar de um musical, a trilha sonora tem um papel decisivo no resultado final e, apesar de não possuir músicas marcantes – como as de “A Noviça rebelde“, por exemplo -, ela consegue, com um brilho diminuído, realizar com competência o seu papel e incrementar as principais cenas. Destaque maior tem a direção de arte, com seus figurinos deslumbrantes, cenários teatrais, mas interessantes, e cores, muitas cores – principalmente vindo das flores que embelezam a tela com um colorido natural.

A diva, Audrey Hepburn, apesar de nem ter sido indicada ao Oscar, literalmente carrega o filme nas costas, através de sua personagem que conta com dois momentos distintos. No início, como a mendiga, ela interpreta alguém deselegante, sem modos, com uma voz irritante, totalmente o oposto das personagens que nos acostumamos a vê-la interpretar. Talvez, isso já cause uma resistência no espectador, ao ver a Holly Golightly, de “Bonequinha de luxo” – papel que imortalizou a atriz -, na pele de alguém com aquele comportamento. A princípio, eu mesmo não tive uma boa recepção, mas depois me acostumei. É só uma questão de tempo! À medida que Eliza vai ficando mais “treinada”, o filme já fica mais amigável, pois já identificamos a “velha Audrey”, mesmo com uma conduta ainda duvidosa – o que provoca situações hilárias e inesquecíveis, como a cena da corrida de cavalos, por exemplo, quando Eliza, em meio à nobreza, manda o cavalo “shake your ass“, ou, ao pé da letra, “mexer a bunda”. Ao fim, já como uma dama da sociedade, o foco é compartilhado com o Professor Higgins, por conta dos sentimentos que começam a surgir entre os dois. É bom lembrar que “Minha bela dama” é uma adaptação da peça de teatro da Broadway chamada”Pigmaleão“, a qual já era uma adaptação de um filme com o mesmo nome, do ano de 1938. O ator, Rex Harisson, intérprete do Professor Higgins, atuou na peça e, por isso, foi escolhido para o papel em “Minha bela dama“. Talvez isso explique sua atuação um tanto quanto teatral, mas, de qualquer forma, rendeu-lhe o Oscar de melhor ator.

A história surreal dessa bela gata borralheira agrada a gerações há mais 5 décadas e nunca será esquecida, por estar no hall da fama dos filmes ganhadores do Oscar de melhor filme. É um filme bonito, tecnicamente bem acabado, que cumpre bem o papel de entreter o público, principalmente aquele menos rigoroso, aquele que busca diversão. No final das contas, o talento de Audrey Hepburn faz a diferença nessa deliciosa obra que representa muito bem o estilo americano de fazer cinema. Recomendo para toda a família.

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba


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