Argo (2012)

País: Estados Unidos

Duração: 2 h e 00 min

Gêneros: Biografia, drama, thriller

Diretor: Ben Affleck

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1024648/


Os acontecimentos mostrados no filme têm origem décadas antes, quando os Estados Unidos, juntamente com o Reino Unido, deram um golpe de Estado que depôs o governo iraniano democraticamente eleito, o qual havia nacionalizado o petróleo do país, e colocaram no poder “um dos seus”, o Xá Mohammad Reza Pahlevi. Com isso, o petróleo alheio estava nas mãos da América. O filme mostra logo no começo um resumo de todo esse processo. O governo autoritário de Pahlevi cavou sua própria sepultura ao tentar ocidentalizar o Irã – algo que feriu de morte a religião islâmica. Em 1979, a Revolução Iraniana tomou corpo, e a narrativa se desenvolve nesse contexto histórico, mostrando fatos baseados na realidade.

O nacionalismo tão pregado e tão entranhado na gênese de cada americano, ao passo que é invejável em algumas situações, como no esporte, por exemplo, provoca repulsa em outras. Os americanos deram um golpe de Estado, no intuito de controlar o maior bem do Irã, o petróleo. A população iraniana sofreu por mais de duas décadas com o regime de Pahlevi e se rebelou em um determinado momento. As consequências disso tudo são mostradas no filme: revolta, mortes e reféns. A repulsa aludida no início do parágrafo acontece quando o filme não critica em nenhum momento a ação medonha dos americanos, apenas cita o fato. É como se tudo que aconteceu na origem – o golpe – fosse normal, apenas mais uma anomalia dentro de um capitalismo selvagem. Já alerto que é um filme extremamente nacionalista, e, nesse caso, incomoda, pois a aurora é perversa.

Motivações à parte, o filme conta a história real de um plano para o resgate de 6 americanos que fugiram da Embaixada dos Estados Unidos em Teerã – capital do Irã -, após sua invasão pelo povo iraniano em 1979. Eles se esconderam na residência do embaixador do Canadá, e, então, a CIA, por intermédio do agente Toni Mendez, pôs em prática um plano surreal: salvar os reféns através da filmagem fictícia de uma obra cinematográfica de ficção científica. O nome do filme falso: Argo – que também nomeou o plano de resgate.

O diretor, Ben Affleck, mais conhecido por seus trabalhos como ator, em suas poucas realizações como cineasta, seguiu a linha de produzir filme sobre crimes – sempre recheados com muita tensão. “Argo” seguiu o mesmo estilo e potencializou a tensão por mostrar uma história verídica. Através de cenas que por vezes se confundiam com cenas reais, Affleck retratou todas as dificuldades de um plano meticuloso e enfatizou bastante a ira dos dois povos, através de suas feições e seus atos violentos. O conflito já estava instalado, e, nesse contexto, o que mais importava eram as vidas humanas (americanas) que estavam em risco.

Há uma cena que preciso destacar que é fantástica – a cena da decolagem do avião. Essa é para o espectador prender a respiração e contrair os músculos. Não vou dar mais detalhes para não estragar a surpresa de quem ainda não assistiu ao filme. É a cena que resume o filme – tensão absoluta e na medida certa.

Entre críticas positivas dos americanos e negativas dos iranianos, salvaram-se todos. Temos realmente um ótimo filme, em relação ao qual discuto os prêmios ganhos em festivais, incluindo Oscar de melhor filme, pois havia concorrência pesada, como Amour, por exemplo, porém, não há como desqualificar o bom roteiro adaptado de um curta de Tim Burton e a maneira especial como o diretor desenvolveu seu filme, misturando ficção – em todos os sentidos possíveis – e uma realidade perversa que mostrou mais uma passagem difícil da história da humanidade.

O trailer, com legendas em português, segue abaixo.

Adriano Zumba


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