Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague (2010)

Título original: Deux de la Vague

Título em inglês: Two in the wave

País: França

Duração: 1 h e 31 min

Gênero: Documentário

Elenco Principal: François Truffaut, Jean-Luc Godard, Antoine de Baecque (narrador)

Diretor:  Emmanuel Laurent

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt1528224/


Se você, estimado leitor, espera um documentário aprofundado sobre a Nouvelle Vague, prontamente já não recomendo o filme em destaque, pois o viés narrativo é outro. Minhas expectativas também convergiam para um roteiro que detalhasse esse movimento tão importante da história do cinema com ênfase nas obras e atuações de Jean-Luc Godard e François Truffaut, porém não é bem isso que é mostrado. Obviamente, a Nouvelle Vague é abordada em diversos momentos, como não poderia deixar de ser, até porque o auge dos dois diretores aludidos no título ocorreu no intervalo de tempo em que o referido movimento imperou em terras francesas, porém o enfoque maior do documentário recai sobre a amizade entre eles, que foi caracterizada por muita força e cumplicidade por vários anos, e ajudou a criar, juntamente com outros expoentes da Nouvelle Vague, uma nova ordem no cinema do país, e, porque não, no cinema mundial, entretanto, a imprevisibilidade da vida está sempre à espreita aguardando só uma oportunidade para atacar novamente. De qualquer forma, “Dois na onda” – traduzindo a partir do título em inglês, “Two in the wave” – não pode ser descartado de maneira alguma, por conter farto material histórico sobre essas duas lendas da sétima arte: o saudoso Truffaut e o ainda atuante Godard – dois homens que surfaram, com belas manobras, naquela nova onda cinematográfica francesa da década de 60 e escreveram seus nomes na calçada da fama do cinema mundial.

Tendo como foco os filmes iniciais das carreiras dos dois diretores, “Os incompreendidos“, de Truffaut, e “Acossado“, de Godard, mas analisando várias obras de suas filmografias e de outros diretores, o documentário disseca a história de apoio mútuo entre os protagonistas, desde quando se conheceram, passando pela fase de críticos da Revista Cahiers du Cinema, até a fase de produção artística de cada um. Para quem não sabe, o roteiro de “Acossado” foi escrito por Truffaut e dado de presente a seu amigo Godard. No contexto do filme, há um penetra de luxo, o ator Jean-Pierre Leaud, conhecido como “o filho da Nouvelle Vague”. Notem que, metaforicamente e sem maldade, seus pais são Godard e Truffaut e sua mãe é a própria Nouvelle Vague, como pregam alguns críticos renomados. Leaud em muitas ocasiões interpretou o alter-ego de Truffaut, chamado de Antoine Donel, e em outras diversas oportunidades trabalhou com Godard em seus filmes. Através da opinião de Leaud, de forma bem sintética, conhecemos as diferenças de estilo e procedimentos entre os dois diretores.

Como não só de flores é feita a vida, o documentário não se furta de apresentar o rompimento da amizade entre os dois diretores, que muitos analistas correlacionam com o fim da Nouvelle Vague. A história e a política os separaram em 1968 e cada um seguiu o seu caminho artístico. Godard com seu cinema político e experimental, com o intuito de romper com o jeito tradicional de fazer cinema, e Truffaut, como ele mesmo se definia, continuou como sendo “um artesão do cinema clássico“, que considero uma definição fantástica para seu papel dentro do cinema. Independentemente disso, o legado deles já estava solidificado e a contribuição que eles deram – e continuaram a dar, no caso de Godard – para o mundo da sétima arte era inestimável.

Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague” é uma ótima oportunidade para conhecer a história de vida bem sucedida de duas lendas em seus ofícios. Apesar de pouca profundidade, para quem gosta de cinema, o elegante documentário é bastante pertinente, pois informação específica sobre um tema favorito nunca é demais, ainda mais quando possui requintes históricos. Sempre é bom analisar o passado para viver melhor o presente e planejar o futuro da melhor maneira, e, ao lado de Godard e Truffaut, e tomando como base o estilo de seus filmes na época da Nouvelle Vague, a vida tem mais estilo e gratas novidades.

O certo é que a amizade entre os dois mudou para sempre a história do cinema. O documentário corrobora essa informação.

O trailer, com legendas em inglês, segue abaixo.

Adriano Zumba

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