Durante a tormenta (2018)

Título original: Durante la tormenta

Título em inglês: Mirage

País: Espanha

Duração: 2 h e 08 min

Gêneros: Drama, mistério, romance, thriller

Elenco Principal: Adriana Ugarte, Chino Darín, Javier Gutiérrez, Álvaro Morte

Diretor: Oriol Paulo

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt6908274/


Opinião: “Uma indeterminada tormenta de emoções!”


Quando comparei em outro post o filme “Um Contratempo” (2016), de Oriol Paulo, com sua refilmagem indiana, afirmei que considerava o diretor com uma revelação contemporânea da sétima arte. No ano passado, em 2018, o jovem cineasta lançou o ser terceiro longa-metragem, que é o filme em destaque, “Durante a tormenta“. Cerquei-me de expectativas, pois as experiências que tinha vivenciado após assistir a seus 2 filmes anteriores tinham sido as melhores possíveis. Para minha satisfação, minha jornada cinematográfica na filmografia de Oriol continuou prazerosa, mas, desta vez, tenho mais ressalvas do que o usual em relação à sua direção, contudo, afirmo que a minha nova experiência não foi influenciada negativamente em decorrência delas. Eis abaixo as minhas impressões.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Separadas por 25 anos, duas tempestade com as mesmas características causam um lapso temporal o qual permite que duas pessoas de diferentes momentos se conectem e se comuniquem. Graças a isso, a jovem Vera Roy pode ajudar a impedir a morte de um menino, Nico Lasarte. Ao fazer isso, no entanto, ela acaba alterando o futuro e, com isso, fazendo com que sua filha e seu marido nunca existissem. Agora, ela deve correr contra o tempo – até o fim da tormenta -, sob o olhar da polícia, representada pelo Inspetor Leyra, para tentar, de alguma forma, reverter a situação.”

Eis mais um roteiro espetacular! Eis mais uma trilha sonora perturbadora! Seguindo a mesma linha misteriosa de sua filmografia, o roteiro, desta vez, constrói um contexto fantasioso de comunicação dentro de uma linha temporal – algo como o visto em “Efeito borboleta” (2004), apesar de outros filmes terem vindo à mente -, para que seus protagonistas, mais uma vez, recebam altas cargas de tensão e nos ofereçam situações dramáticas e surpreendentes ao longo da exibição. Um complexo enigma é apresentado e sua resolução requer muita sagacidade dos personagens e, por conseguinte, do espectador – se o mesmo desejar praticar um exercício de futurologia ou adivinhação baseado nas evidências plantadas entre as cenas da obra. Confesso que esse ambiente utópico que é construído para que a narrativa se desenvolva me incomoda um pouco, mas o roteiro é tão competente que tendo a considerar essa percepção como irrelevante. A forma como a história é contada obtém a atenção de seu público do início ao fim, entretanto, desta vez, diferentemente do padrão Oriol Paulo de fazer cinema, uma ponta solta foi (propositalmente ou não) esquecida pela omissão de um diálogo importantíssimo no desfecho do filme, o qual definiria o rumo dos personagens. A história foi manipulada para o melhor final possível, sem, no entanto, explicitar os meios para isso – apenas sugerir em uma citação de Vera alguns segundos antes. Saliento que para alguns a sugestão ora citada é suficiente. Para mim, não foi. Fica a cargo do leitor descobrir a que diálogo estou aludindo e se a referida omissão foi ou não prejudicial, pois não quero dar spoillers sobre o filme para não estragar as surpresas proporcionadas pela audiência.

Nota-se pelas minhas palavras que há um rumo semelhante entre “O corpo” (2012), “Um contratempo” (2016), os outros dois filmes de Oriol, e “Durante a tormenta“, apesar de apresentarem conjunturas diferentes em alguns pontos entre eles. Há, após assistir ao filme em tela, uma automática sensação de repetição para quem já assistiu aos outros dois – que foi o meu caso -, pois o diretor utiliza por vezes os mesmos elementos para construir o seu enquadramento narrativo: crimes, investigações, dramatizações de mais de uma hipótese para um mesmo fato, adultérios, atropelamentos, plot twists abundantes, etc. Atribuo isso à importante e necessária tentativa de criação de um estilo próprio por parte do ralizador, que ainda dá seus primeiros passos no ramo, entretanto, saliento que, em se tratando de cinema, o universo de possibilidades é muito vasto para que haja foco apenas em algumas construções. A diversificação em todos os aspectos é pertinente ao longo de uma carreira de diretor – apesar de um padrão particular ser até desejável para se desenvolver uma “marca”. A filmografia das grandes lendas da história da sétima arte exemplifica a afirmação anterior.

Por criar um contexto “de ficção científica”, o cineasta adquire mais liberdade criativa para devanear à vontade. Assim, deixando uma mente brilhante trabalhar sem obstáculos, só posso afirmar que estamos diante de mais uma excepcional obra de um diretor que tem todas as possibilidades de ser um dos melhores e presentear seus espectadores ao longo dos anos com diversas pérolas da cinematografia espanhola. “Durante a tormenta” é mais uma delas. Um belo espécime do cinema inteligente – e surpreendente -, no qual, para conquistar mais ainda o seu público, utiliza o atrativo universal como mola propulsora: o amor! Trata-se de uma recomendação especialíssima.

O trailer, legendado em português, segue abaixo.

Adriano Zumba


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