A moment to remember (2004)

Título original: Nae meorisokui jiwoogae

País: Coreia do Sul

Duração: 2 h e 24 min

Gêneros: Drama, romance

Elenco Principal: Woo-sung Jung, Ye-jin Son, Jong-hak Baek

Diretor: John H. Lee

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt0428870/


Citação: “O verdadeiro carpinteiro é aquele que consegue construir uma casa em seu coração.”


Opinião: “Um filme de amor marcado pela austeridade, mesmo quando a conjuntura proposta impõe o mais alto grau de sentimentalismo.”


Pelo que pesquisei, “A moment to remember” é o filme romântico mais aclamado da Coreia do Sul. Imagino que a obra está para os coreanos assim como “Sanam Teri Kasam” (2016) está para os indianos – e, por sinal, os filmes se parecem bastante em vários aspectos. Obviamente, o filme coreano é desenvolvido de forma bem mais equilibrada em relação ao indiano, como realmente se espera de um filme oriental, mas não se furta em vários momentos de buscar a emoção a qualquer custo, todavia, não há declarações adocicadas com o mais puro mel do amor, não há expressões apaixonadamente forçadas, não há a essência da cafonice que parece que adentra nos seres da terra dos elefantes por intermédio daqueles pós coloridos usados nas comemorações do Holi Festival, e, finalmente, não há “dançinhas do acasalamento”. A Coreia do Sul é mundialmente famosa pelas séries ou filmes para TV conhecidas por doramas, que são produções fundamentalmente de cunho dramático, cuja pegada é transportada também para roteiros românticos quando abordados. O filme em tela pode ser considerado como um dorama, só que produzido para o cinema. Fazendo mais uma comparação internacional, os doramas estão para os coreanos assim como as novelas estão para os brasileiros. Não é à toa a grandeza da adoração que “A moment to remember” desperta por lá, pois possui muitas das características das narrativas culturalmente difundidas entre a população local, entretanto, espectadores de outros países podem facilmente entrar para o fã clube do filme, caso sejam facilmente levados pelos sentimentos, que abundam – ou transbordam – na narrativa em destaque. Seguem abaixo as minhas impressões.

Eis a sinopse: “Su-jin, sempre foi uma garota um pouco esquecida, que acaba de sair de um relacionamento malsucedido com um homem casado e tenta, de alguma forma, recomeçar a sua vida. Ela então conhece Chul-soo, um homem bruto e de sentimentos frios. Su-jin, apesar da frieza de Chul-soo, apaixona-se perdidamente por ele. Pode o amor tocar o coração de alguém tão frio? Só que os “esquecimentos” de Su-jin, não param de aumentar, o que parecia algo simples, parece que se tornou algo muito grave. Como você se sentiria se esquecesse o amor da sua vida, sua família, amigos, trabalho, tudo? Será que o amor pode vencer todos os obstáculos?”

Pode-se depreender muitos aspectos existentes no filme pela simples leitura da sinopse. Há a utilização de um dos maiores clichês utilizados em filmes românticos: a mulher desamparada, vulnerável, mal-amada, etc., que conhece o homem frio, rude, e faz de tudo para amolecer o coração do “macho insensível” para viverem um grande amor. O problema dessa abordagem não é a repetição, e sim a duração de todo o processo de aproximação, conquista e desenvolvimento dos sentimentos. A primeira hora de exibição é difícil de digerir e esse é o motivo pelo qual retirei uma estrela da avaliação que concedi ao filme. São momentos de “amor adolescente” entre adultos, mostrados de uma forma tão inocente, que incomoda. Outra conclusão automática, importante e dedutível a partir da sinopse é que o roteirista chamado Destino colocou uma grave doença na conjuntura para atrapalhar a felicidade do casal. Outro enorme clichê, porém desenvolvido sem  pieguismo, apesar de exaltar a todo momento o nobre sentimento do amor, que atrai, como o mais forte imã existente, sentimentalismos forçados, se mal trabalhado em uma narrativa. No meu entender, a maior virtude de “A moment to remember” é buscar uma abordagem criteriosa para suas temáticas,  sem apelações, nem superficialidades. Algo que, diga-se de passagem, é difícil de conseguir pelo caminho narrativo que segue. Um filme desses produzido por mãos indianas teria uma orientação completamente diferente, voltada para despertar a mais profunda emoção possível – aquela que sai do fundo da alma e provoca rios de lágrimas. “Sanam Teri Kazam” serve como prova ou parâmetro para tal afirmação, apesar de ser uma obra excelente, a qual não merece críticas mais rigorosas, mesmo sendo muito piegas.

A interpretação do casal de protagonistas é absolutamente honesta. Sente-se o mais sincero amor, a mais lacerante dor e a mais absoluta vontade de transpor os obstáculos que a vida coloca no caminho, pelo menos por parte do ex-homem rude. Na verdade, um filme com esse viés necessita de atuações convincentes para não ser apenas mais do mesmo. Son Ye-jin e Jung Woo-sung, que representaram Su-jin e Chul-soo respectivamente no filme, não são apenas belas pessoas, mas belos intérpretes. Deve-se destacar o desenvolvimento de algumas temáticas acessórias que possui grande pertinência, como, por exemplo, o perdão e a resiliência. No fim das contas, percebe-se que o enredo, após uma análise global, proporciona uma boa reflexão pelo fio condutor que é trabalhado, que é uma situação deveras complicada – até surreal -, e por não se resumir apenas a ele, desenvolvendo ramificações narrativas que complementam muito bem a obra e a experiência de seu público.

Lembrança é a palavra-chave dessa aplaudida produção coreana. Lembranças de todos os tipos são trazidas à baila, e, algumas delas, considerando o contexto proposto, tornam-se realmente inesquecíveis. Cabe ao espectador escolher a sua favorita – a moment to remember -, a qual, com certeza, ficará marcada nas memórias cinematográficas dos cinéfilos mais sensitivos e adoradores do amor, que, no caso do filme em tela, é forte, belo, profundo e transcendental – e isso realmente agrada, é um refúgio, pois sentimentos negativos já estão presentes em demasia na vida das pessoas em nosso mundo atual.

Trata-se de filme para curtir, para sofrer, para sorrir, para chorar, para refletir, para ansiar por aquele romântico “I love you” advindo do fundo do coração, etc. Em resumo, trata-se de um filme para se despertar muitas emoções! Vale a recomendação.

O trailer, com legendas em inglês, segue abaixo.

Adriano Zumba


 

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