Omen (2023)

Título original: Augure

País(es): Bélgica, Congo, Holanda, Alemanha, África do Sul

Duração: 1 h e 30 min

Gênero(s): Drama

Elenco principal: Lucie Debay, Marc Zinga, Eliane Umuhire

Diretor(a): Baloji

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt21086802/


Sinopse: Depois de passar anos na Bélgica, um jovem congolês regressa à sua terra natal, Kinshasa, para confrontar as complexidades da sua família e cultura.


A MANUTENÇÃO DE SIMBOLISMOS RELIGIOSOS ACIMA DO CORAÇÃO.


Koffi, há muito anos distante de sua família, sente que o momento para revê-los chegou. Porém terá que encarar a difícil tarefa de tentar uma reaproximação com todos os ingredientes contrários a tal fato.

As dificuldades e as barreiras ficam muito evidentes quando sua família é ligada de uma forma fundamentalista à costumes, ritos e religiosidade que praticamente ditam as regras no clã e colocam os simbolismos acima de todos.

Na verdade, foram esses simbolismos que o afastaram e assim o mantiveram. Koffi não encontrará a hora certa para tentar transpor esse muro e deve abrir caminho à força. E com agravantes, porque além da simbologia envolvida que dificulta a aproximação, Koffi se casou com uma pessoa que não é do clã e ainda por cima com pele clara, o que para toda terminologia envolvida dentro de toda essa ideologia é inaceitável.

Seus problemas de saúde, segundo essa simbologia religiosa reza, seria uma maldição, uma mancha que o condena a viver num limbo de solidão. Distante de todos a quem ele deveria estar no seio se protegendo. Sua única válvula de escape é encontrada na irmã Tshala, que, de forma menos rechaçada, entende-o e o recebe.

Dentro de toda essa diretriz, deparamo-nos com vários momentos em que rituais ditam os simbolismos religiosos de uma forma milenar dentro de uma cultura, se assim podemos chamar, que ultrapassa todos os limites aceitáveis para uma convivência familiar normal.

Em determinado momento no início do filme, os totens de palha expostos podem ser reconhecidos como a homenagem aos entes queridos que, dentro desse círculo vicioso de simbolismos, mereceram o reconhecimento, mas que, em outro momento do filme, fervem e ardem num fogo, como se tudo isso não passasse de um mundo hipócrita, que, de homenagens, nada teria.

Em outro momento do filme, Mamãe, reconhecendo a loucura a que tudo isso levava, clama a sua prole, “Não sejas um covarde”, porque assim seu pai o foi. Num claro reconhecimento de que o simbolismo não pode ser mantido acima do coração.

Obs.: Indicado pela Bélgica ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2024.

O trailer com legendas em inglês segue abaixo.

Adaílson Tavares


TRAILER

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