Sonu Ke Titu Ki Sweety (2018)

Título em inglês: Sonu’s Titu and Titu’s Sweety

País: Índia

Duração: 2 h e 18 min

Gêneros: Comédia, romance

Elenco Principal: Kartik Aaryan, Nushrat Bharucha, Sunny Singh Nijjar

Director: Luv Ranjan

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt7581902/


Há uma percepção popular muito disseminada, que considera o casamento de duas pessoas como o casamento de suas famílias. Pode-se estender a abrangência dessa afirmação também para os amigos. Apesar de não ser um verdade absoluta, isto é bastante natural, pois os redutos particulares de convivência familiar e social de cada um acabam se entrelaçando com o tempo. Expandindo mais ainda o raciocínio, antes de um casamento, há uma suposta aprovação – ou benção – prévia dos dois conjuntos de pessoas a que aludi anteriormente. Quando há algum tipo de divergência na construção de alguma dessas premissas, o entrelaçamento e a aprovação, que parta de pelo menos uma pessoa envolvida no processo, geralmente fica um cheiro de problemas no ar. É nesse sentido que a narrativa do filme em tela se desenvolve e proporciona muito divertimento, entretanto há alguns conceitos que precisam ser conhecidos para que o espectador não tenha uma percepção errônea da conjuntura apresentada na obra. São eles:

  • Bromance: é o amor entre irmãos (brother + romance). É uma expressão utilizada para designar um relacionamento íntimo e, geralmente, sem conotação sexual, entre dois ou mais homens.
  • Homossocialidade: Em sociologia, é o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo que não é de natureza romântica ou afetiva, tais como: amizade, orientação ou outros.

Relacionando os dois termos acima, na cultura popular contemporânea, temos o bromance, que é um termo usado para se referir a uma relação homossocial, especialmente próxima e ainda não sexual, entre dois homens. Notem que a linha que separa a junção desses conceitos e a homossexualidade é muito tênue, pela presença do advérbio “AINDA”, ou seja, é uma relação que pode perfeitamente entrar na seara homossexual. Tenho que admitir que em várias passagens do filme fiquei em dúvida quanto à orientação sexual dos protagonistas, mesmo tendo como pano de fundo um casamento heterossexual. O diretor apenas quis produzir um filme condizente com conceitos modernos concernentes à sexualidade e relações sociais que existem na atualidade, que frequentemente dão um nó na cabeça das pessoas.

Eis a sinopse: “Sonu e Titu são amigos de infância que moram juntos. Titu é romântico assumido e constantemente malsucedido em seus relacionamentos afetivos com o sexo oposto, entretanto, surge em sua vida a chamada garota perfeita, Sweety. Titu desconfia dessa suposta perfeição e passa a tentar sabotar o casamento de seu melhor amigo. Qual relação de Titu prosperará, o romance com Sweety ou o bromance com Sonu?”

Temos um filme com duas partes bem definidas, com a predominância de situações engraçadas em ambas. A primeira consiste em todo o processo de escolha de uma esposa na Índia, através da intervenção da família, bem como a apresentação de todos os atributos da nubente, para justificar sua escolha. Também, a tal integração entre as famílias e amigos citada no primeiro parágrafo. É nessa fase que o imbróglio – e fio condutor da narrativa – se forma, pelo sexto sentido de Sonu em relação à Sweety. Após a consumação do noivado, a segunda parte da narrativa, que consiste na guerra explicitamente declarada entre Sonu e Sweety, inicia-se e traz consigo situações deveras constrangedoras e provocadas pela presença de uma disputa pela prioridade em relação ao amor de Titu, que é o personagem inocente e manipulável da história. Nesse ponto, entra em cena os conceitos elencados mais acima, pois Sonu quer, de qualquer maneira, a manutenção do amor entre e ele e Titu, por enxergar más intenções em Sweety. Notem que o casamento soa como algo com viés excludente para a forte ligação entre os amigos. A frase “ou ela ou eu” partindo de um homem heterossexual para outro homem heterossexual soa bastante estranho, mas, resumidamente, a narrativa converge para esse contexto.

O jogo de manipulação, esperteza e estratégia que se desenha entre os “rivais” é o mais interessante do filme, entretanto é algo que cansa, pois se alonga bastante numa guerra quase sem fim. Tapetes são puxados a todo o momento, numa insistência enfadonha, cuja dose poderia ter sido mais parcimoniosa para uma melhor fluência do filme. Ademais, há efeitos sonoros jocosos em cada situação criada que definitivamente incomodam bastante pela repetição. Também, a parte musical da obra, que normalmente possui grande excelência na indústria cinematográfica indiana, desta vez não seguiu o padrão. Considero tudo isso uma pena, pois o filme tinha tudo para ser melhor construído, mas, mesmo com esses defeitos, consegue proporcionar uma boa jornada. É uma ótima recomendação para quem quiser dar boas risadas, tendo sempre em mente que, em background, o que prepondera mesmo é o amor, ou melhor, as novas formas de amar e se relacionar. Trata-se do mundo moderno!

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba


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