Kramer vs. Kramer (1979)

País: Estados Unidos

Duração: 1 h e 45 min

Gênero: Drama

Elenco Principal: Dustin Hoffman, Meryl Streep, Justin Henry

Diretor: Robert Benton

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt0079417/


Opinião: “Apenas mais um espinho dolorido na difícil tarefa de viver conjugalmente.”


Certa vez, uma profissional da área de saúde mental me falou que a caverna do sexo masculino é o lado financeiro, enquanto a do feminino é o sentimental, o afetivo. Considerando que essa afirmação é verdadeira, apesar de, obviamente, existirem diversas outras variáveis inseridas neste contexto, percebe-se que os sexos criam mecanismos de prevenção e proteção contra suas cavernas mais escuras, principalmente nas famílias de antigamente, quando o contexto genérico a que aludi mais acima era mais bem caracterizado, já que objeto de discussão corrente é uma produção do final da década de 70. Na família Kramer, o patriarca provê o sustento financeiro, e a matriarca, que é a chamada dona de casa, o suporte emocional aos demais integrantes, principalmente ao filho de 7 anos. Nota-se prontamente o tradicionalismo dessa família, então, para embarcar nessa jornada cinematográfica, é imperioso uma nostálgica viagem mental no túnel do tempo para algumas décadas atrás, apesar de muitos aspectos apresentados no filme serem atemporais, afinal amor é amor desde sempre.

Eis a sinopse: “Ted Kramer é um profissional para quem o trabalho vem antes da família. Joanna, sua mulher, não pode mais suportar esta situação e sai de casa, deixando para trás o menino Billy, filho do casal. Quando Ted consegue finalmente ajustar seu trabalho às “novas” responsabilidades de pai, Joanna reaparece exigindo a guarda da criança. Ted não aceita e os dois vão para o tribunal lutar pela custódia do garoto.”

Uma palavra que posso utilizar para definir “Kramer vs. Kramer” é amadurecimento, que, por sinal, pode ser obtido de diversas formas e a partir de diversas situações. Talvez, uma das piores maneiras seja através do divórcio, principalmente para o elo mais frágil e dependente da estrutura familiar: os filhos. No seguinte sentido, a história é construída: um homem voltado completamente para o trabalho em nome do sustento da família, uma mulher e um filho carentes de afeto conjugal e paternal, respectivamente. A narrativa, a todo momento, evidencia as fraquezas dos adultos e a inocência do garoto, sem, no entanto, poupá-lo de sentir as conseqüências dos atos de seus pais. Nota-se, através do enredo, que amadurecimento tem estreita ligação com resiliência, isto é, é imposto aos protagonistas um aprendizado em virtude das dificuldades e do sofrimento, o que concede à obra uma beleza formidável, apesar da angústia proporcionada, principalmente pela situação de Billy.

Dentro da “beleza formidável” a que aludi, a mais bela conjuntura é a aproximação entre pai e filho, que deveria sempre ser automática e prioritária, mas, às vezes, a vida trata de impor barreiras invisíveis, contornáveis ou não, à essa relação. Muito dessa beleza se deve à Dustin Hoffman em uma atuação monstro – e mais do que convincente – no papel de um pai cheio de remorso, que, aos poucos, identifica suas falhas e faz de tudo para proporcionar a seu filho tudo que negligenciou a ele ao longo de seus 7 anos de vida, mesmo tendo que enfrentar um turbilhão de problemas a mais que aparecem em sua vida. Talvez, o melhor Hoffman de sua longa carreira. Notem a grandeza do elenco, que tem Hoffman e Streep como protagonistas. À época, ele já tinha uma carreira consolidada e ela estava em seu quinto filme. Hoje, são lendas do cinema americano e mundial.

Dramas familiares foram muito comuns na década de 80 na cinematografia americana e alguns deles foram até laureados com o Oscar de Melhor Filme, como, por sinal, o filme em tela. Para se ter ideia da dimensão dessa conquista, “Kramer vs. Kramer” ganhou de “Apocalipse Now“, que, julgo ser um dos melhores filmes da história do cinema. Definitivamente, há de haver grandes qualidades em sua produção, e, o que realmente se sobressai é a emoção. Filmes com essa pegada conquistam facilmente o coração do público pois, através de suas narrativas, aproximam as pessoas da realidade, a qual muitas delas já podem ter vivenciado algum dia. Como prega uma famosa frase feita a que todos nós já escutamos alguma vez: “a vida não é só flores“.

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba


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