Headhunters (2011)

Título original: Hodejegerne

Duração: 1 h e 36 min

Países: Noruega, Suécia, Dinamarca, Alemanha

Gêneros: Ação, crime, thriller

Elenco Principal: Aksel Hennie, Nikolaj Coster Waldau, Synnøve Macody Lund

Diretor: Morten Tyldum

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt1614989/


Citação: “Eu disse que herdei o dinheiro, mas tudo que herdei foram genes ruins.”


Opinião: “Mais um competente e surpreendente suspense europeu, para demarcar território no mundo da sétima arte contemporâneo.”


Headhunters” é um dos filmes mais populares da Noruega, pois foi adaptado a partir do romance de um expoente da literatura policial nórdica, Jo Nesbø. Segundo pesquisei, o trabalho de adaptação para o cinema foi alvo de críticas, mas, mesmo assim, o filme é excelente, a despeito de um roteiro com altos e baixos. Dado o destaque na Europa, pensei estar diante de uma obra com a qualidade dos suspenses policiais espanhóis, sobretudo os de Oriol Paulo, como “O corpo” (2012) e “Um contratempo” (2016).  Só que não! O filme não chega a tal nível de excelência, mas também não decepciona. Trata-se de uma obra surpreendente, que preza pela imprevisibilidade e tem o condão de prender a atenção do começo ao fim da sua exibição. Seguem abaixo as minhas impressões.

Eis a sinopse: Roger Brown é conhecido como o melhor caçador de talentos (headhunter) da Noruega. Para manter seu alto padrão de vida, que inclui muito luxo, Brown passa a roubar objetos de arte. Quando sua esposa Diana, dona de uma galeria, apresenta-o a Clas Greve, um ex-mercenário que possui um quadro extremamente valioso, ele decide arriscar tudo pela pintura. Mas, ao entrar em ação, descobre algo que o faz com que se torne um homem procurado e vire sua vida de cabeça para baixo.

Não é regra que uma obra literária de sucesso seja traduzida para a linguagem cinematográfica e siga a mesma estrada dourada, entretanto, há boas possibilidades para que isso aconteça, pois a matéria-prima utilizada tem qualidade superior. “Headhunters“, com um roteiro realmente muito bem concatenado, mas com alguns pontos incômodos, proporciona uma experiência bastante fluida – às vezes frenética -, através de uma ótima montagem acelerada, além de muito mistério e suspense. É o tipo de filme que, a partir de um determinado momento, o espectador não pode piscar. A essência narrativa recai sobre o embate entre dois homens com algumas pretensões similares. Através de um complexo jogo de interesses, observa-se uma corrida por vezes sangrenta e eminentemente desonesta rumo aos objetivos almejados, na qual a dianteira se alterna entre os protagonistas por algumas vezes e é impossível apostar em um vencedor, pois a conjuntura é modificada sempre que possível pelo roteiro, que preza por não permitir fáceis deduções.

A história alterna entre vários gêneros cinematográficos, mas com a predominância do suspense. Nessa característica de ser multi-gênero que o roteiro exterioriza suas falhas. A exibição é iniciada em um tom meio cômico, com Roger definindo sua vida, mostrando suas posses – incluindo a nudez de sua bela esposa -, citando que só mede 1,68 m e que por esse detalhe sórdido deve existir uma compensação. No entanto, a jocosidade acaba por aí e o suspense e o mistério vão tomando corpo à medida que Roger ou Clas mexe alguma peça no tabuleiro. O filme ganha ares de filme de ação em perseguições implacáveis e muito tensas, flerta com o horror através de imagens perturbadoras – e até um scare jump desnecessário -, e cai num fosso profundo ao adentrar em uma seara muito dramática que remete ao relacionamento conjugal de Roger, mesmo sendo esse bloco narrativo necessário por servir como elo para o desfecho, que, para o alívio e a satisfação do público, baseia-se num plot twist sensacional – mais um – e aposta numa estratégia utilizada com maestria durante todo o filme: gerar dúvida em relação às condutas dos personagens, incluindo os coadjuvantes. Nenhum deles inspira confiança e é na falta dela que o roteiro fundamenta muitas de suas reviravoltas. Em relação aos dois protagonistas, não há um bom e outro ruim, ambos são criminosos, mas há a predisposição da aquisição de uma empatia maior por um deles – talvez aquela parte dramática roube o coração dos espectadores (finalmente, acabei achando uma função para ela).

Ademais, cabe destacar os efeitos visuais muito bem construídos e a trilha sonora harmônica em relação às sensações requeridas para determinadas cenas, principalmente a tensão. Os artistas atuam muito bem considerando um contexto geral, contudo, o mais famoso ator do elenco, Nikolaj Coster Waldau – de “Game of Thrones” -, está muito apagado, muito insosso na interpretação de Clas Greve, ao passo que Aksel Hennie, intérprete de Roger, do alto de seus 168 cm, agiganta-se em tela e dá um show de interpretação. Ele, juntamente com o roteiro inteligente, são os principais pontos de interesse apresentados por “Headhunters“, que é um filme representante de uma nova onda de filmes de suspense surgidos na Noruega na última década. No caso do filme em tela, o livro que está por trás da narrativa é a atração principal, mas a tradução cinematográfica consegue, com poucos sobressaltos – pelo menos para quem não leu o livro, como eu -, manter um padrão de qualidade classe A. Como filme, a história é espetacular e a classe cinéfila só agradece pela excelente experiência.

O trailer, com legendas em português, segue abaixo.

Adriano Zumba


3 comentários Adicione o seu

  1. Giovanna Grossi disse:

    Me surpreendi positivamente com esse filme.

    Curtir

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.