Pataakha (2018)

País: Índia

Duração: 2 h e 14 min

Gêneros: Ação, comédia, drama

Elenco Principal: Sanya Malhotra, Radhika Madan, Sunil Grover, Vijay Raaz

Diretor: Vishal Bhardwaj

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt8396128/


Pataakha“, uma obra que poderia ganhar um viés de comédia pastelão escrachada, pela natureza dos atos cometidos por duas irmãs que se digladiam desde sempre, mas acaba tomando um rumo bastante responsável ao utilizar esse aspecto comportamental das duas protagonistas como introdutor de várias temáticas interessantes. Lutas – ou brigas – acontecem entre pessoas, entre animais, entre nações, etc., mas também podem ser travadas de forma solitária, contra um inimigo invisível, isto é, contra si mesmo, contra um regime de governo, contra uma ideologia, contra tradições retrógradas, etc. Nesse sentido, o filme em tela proporciona uma narrativa ágil, eminentemente cômica, mas que não se furta de metaforizar suas cenas para fazer alusão a questões pertinentes, como o relacionamento entre Índia e Paquistão, vizinhos e rivais históricos, que já travaram 4 guerras por motivos territoriais (1947, 1965, 1971, 1999).

Eis a sinopse: “Trata-se da história de Champa, cujo apelido é Badki, e Genda, cujo apelido é Chuttki, que são irmãs consangüíneas, mas não conseguem conviver em harmonia desde a infância. Brigam por tudo, inclusive com agressões físicas, e não vêem a hora de se casar para que se separem definitivamente. Entre elas, há o pai viúvo, Shanti, que faz de tudo para manter a paz entre as filhas, e o seu vizinho intrometido Dipper, que faz de tudo para manter a “guerra fraterna” sempre ativa para seu divertimento.”

A zona de guerra está montada – há muitos anos -, os envolvidos têm a predisposição para o embate e motivações diversas, há quem apoie os conflitos e há quem tente repelir. Esta é a espinha dorsal da narrativa, que guarda semelhanças extremas com qualquer situação de guerra que a humanidade por ventura tenha enfrentado. Nesse caso em especial, pelo país de produção do filme, as batalhas entre Índia e Paquistão foram os objetos de crítica, pela inclinação de ambos os países aos conflitos armados, sejam eles de grande ou de pequeno porte. Contam-se em torno de 15 incidentes ao longo da história entre as duas nações e é impossível contar a quantidade de conflitos entre Badki e Genda. Essas batalhas indefinidas entre as irmãs representam o calcanhar de Aquiles da narrativa, pois a torna repetitiva, enfadonha e interminável. Um foco maior em todo o contexto ao redor das protagonistas e as situações que são criadas em decorrência da desunião entre as duas seria bastante salutar. Uma briga em cada ato da narrativa, considerando que ela é bem definida e estruturada em 3 atos – apresentação, desenvolvimento e conclusão -, seria o suficiente.

É anti-natural que haja tanta exteriorização de ódio entre duas irmãs desde a infância. O filme simplesmente joga na cara do espectador desde o início tal situação e não procura explicar a gênese de tudo o que acontece. É revelada apenas a informação de que elas são órfãs de mãe. Talvez, essa ausência materna, juntamente com a falta de pulso de Shanti – o pai -, sejam a origem das coisas, mas tudo fica na seara das hipóteses. Considero como muito grave essa omissão do roteiro, entretanto ele também proporciona diversas cenas bem aprazíveis e engraçadas que decorrem de seu fio condutor. Há duas reviravoltas bem surpreendentes, que conseguem salvar o filme de um acidente, mas não evitam bastantes derrapadas ao longo do caminho.

A proposta é interessante, a execução nem tanto. Assim posso resumir “Pataakha“: um cabo de guerra entre duas irmãs que se odeiam, mas, bem no fundo de suas almas, se amam. Bastante apreciável, apesar de alguns defeitos.

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba

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